"As alterações físicas que se produzem durante a gestação são tão espectaculares que quase poderia dizer-se que uma grávida é uma nova mulher todos os dias.
Todas as alterações anatómicas e fisiológicas que acontecem no corpo de uma mulher durante a gravidez não são mais do que uma demonstração do bem preparado que ele está para conceber e alimentar o bebé durante nove meses. Estas transformações resultam numa ampla variedade de novas sensações. Quando a mulher consegue compreender as causas destas mudanças deixa de receá-las e aceita-as melhor, o que torna mais efectiva a tarefa de prevenir ou aliviar os pequenos mal-estares que a gravidez origina.
O útero
As alterações mais precoces e evidentes costumam acontecer no sistema reprodutivo da mãe. Os vasos sanguíneos do útero e da vagina aumentam de dimensão durante os nove meses da gravidez. Ao mesmo tempo, as veias da zona pélvica também crescem e actuam como reservatório para garantir a chegada de sangue ao útero e para que o embrião se mante-nha com um fluxo constante. Obviamente, o crescimento dos vasos acompanha-se de um sistemático crescimento do útero, que ao chegar ao momento do parto deverá ter aumentado entre 500 e 1.000 vezes mais do que o seu tamanho anterior à gravidez. Para compreender melhor como se produz o crescimento uterino podemos dizer que o volume que pode alojar este órgão antes da gravidez é de 10 mililitros (equivalente a duas colherinhas de chá), enquanto que no fim da gravidez pode conter entre 5 a 10 litros. Perto do final da gravidez, o útero toca na parte inferior do fígado e eleva, em dois centímetros, o músculo do diafragma, que é o encarregado de separar os órgãos torácicos dos abdominais. Consequentemente, esta elevação do diafragma modifica as posições do coração e dos pulmões. O colo do útero também sofre as suas próprias modificações. Antes da gravidez o colo é firme e muscular, mas durante a gestação fica macio (passa de ter a consistência da ponta do nariz a ter a consistência dos lábios). Este amaciamento deve-se também ao crescimento dos vasos sanguíneos. Devido às modificações hormonais, as glândulas que se localizam no interior do cérvix produzem o rolhão mucoso, que serve para fechar o colo do útero e isolá-lo da vagina, para evitar a subida das bactérias vaginais. Este rolhão mucoso permanecerá no colo do útero até ao aproximar do trabalho de parto.
O peito
O peito também se modifica de maneira extraordinária. Poucos dias depois da falta da primeira menstruação, começa a sentir-se mais sensível – e às vezes dorido – e aumenta sensivelmente o seu tamanho. Estas sensações devem-se à ingurgitação mamária própria do crescimento dos alvéolos e dos canais galactóforos. Os níveis de aumento dos estrógenos e da progesterona são os causadores das modificações no peito. No segundo trimestre, e como resultado do crescimento mamário, aparecem algumas estrias, e a auréola pigmenta-se excessivamente em redor do mamilo, que aumenta de tama-nho e se torna mais escuro. Esta modificação na cor das estrias e das auréolas costuma ser mais importante nas mulheres de pele escura. No terceiro trimestre pode surgir colostro – um fluido espesso, cremoso e pegajoso, e cada vez mais amarelado – que sai pelos mamilos. Este colostro é igual ao que servirá de alimento para o bebé durante a primeira semana até que o leite amadureça. É uma substância rica em proteínas, em gordura e em imunoglobinas.
Estrias: as piores inimigas
Um dos pesadelos mais frequentes para as grávidas são as estrias. E é lógico que assim seja, dado que aproximadamente metade delas irá sofrer com isso. As estrias produzem-se quando se rasga o tecido elástico que está imediatamente abaixo da pele. São linhas muito suaves na superfície da pele, avermelhadas ou roxas logo que surgem, e que depois do parto adquirem um tom nacarado. Na realidade, não desaparecem, mas depois do parto notam-se francamente menos. Embora não seja muito o que se pode fazer para as prevenir – a genética tem um papel preponderante nisso e contra ela nada pode fazer-se –, o uso de cremes específicos contribui para atenuá-las. Uma medida útil é controlar o aumento de peso durante a gravidez, ou seja, não aumentar mais do que o necessário, uma vez que o peso a mais provoca uma maior distensão nos tecidos.
As hormonas e o Sol
Uma das consequências das alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez é uma maior pigmentação da pele e o aumento da sensibilidade aos raios de Sol. Esta pigmentação deve-se ao aumento da progesterona e estrógenos que se produz desde o início do segundo mês até ao seu términos. Devido a que estas hormonas são melanocito-estimulantes, o seu aumento traz juntamente uma maior produção de melanocitos, que são as células que produzem o pigmento que determina a cor da nossa pele. As zonas mais afectadas nas mulheres são o rosto, o pescoço, os mamilos, e a linha média do abdómen, particularmente abaixo do umbigo. A exposição ao Sol e as lâmpadas solares podem acentuar a pigmentação, pelo que se recomenda o uso de protectores solares.
"Aranhas"
As "aranhas" vasculares ou "spiders" – que aparecem em mais de metade das mulheres durante a gravidez – são originadas pelos altos níveis de estrógenos que enfraquecem as paredes dos vasos pequenos. Trata-se de pontos avermelhados rodeados de linhas vasculares que aparecem sobre a pele e que se localizam, principalmente, no rosto, no peito e nos braços. Na maioria dos casos costumam desaparecer depois do parto, pelo que não é necessário tomar nenhuma medida antes do mesmo.
O que se passa com o sangue?
À medida que a gravidez avança, o volume de sangue da mãe incrementa-se notavelmente. Este aumento – necessário para alimentar o bebé e o grande reservatório que é o útero -, também protege o bebé das bruscas alterações de pressão sanguínea da mãe e ajuda a suportar a perda normal durante o parto. À medida que o volume sanguíneo aumenta, também aumentam os glóbulos vermelhos. No entanto, este aumento é menor do que o plasma no qual nadam. Por esta razão os resultados das análises de sangue da mulher grávida são diferentes, quer dizer que os seus valores diferem daquelas que não estão grávidas. Estas diferenças manifestam-se basicamente nos valores do hematócrito, hemoglobina, e na contagem de glóbulos vermelhos, que na grávida são sempre mais baixos.
A tensão arterial sobe ou desce?
A tensão arterial tenderá a descer no início, principalmente durante o primeiro trimestre, para estabilizar no segundo, com uma ligeira tendência a aumentar no último trimestre. Devido a tratar-se de um processo normal, não é aconselhável tomar nenhuma medicação. Uma medida útil para aliviar os mal-estares causados pela hipotensão é adequar as actividades diárias e destinar uma maior quantidade de tempo ao repouso.
Os edemas
A retenção de líquido nos tecidos – edema – faz com que, perto do final da gravidez, os pés e as pernas inchem. Estes edemas são causados pela pressão que o útero exerce sobre a veia cava inferior, encarregue de levar de regresso ao coração todo o sangue proveniente dos membros inferiores. Não deve nem pensar nos diuréticos para melhorar esta situação; descanse sempre que possa com as pernas no sentido horizontal ou então use meias de descanso. Elevar as pernas não soluciona o problema, a única coisa que faz é mudar o edema de um lugar visível – os pés – para um onde não se vê – as costas. Por outro lado, o repouso na posição horizontal melhorará a filtragem do sangue pelo rim e aumentará a quantidade de urina que se elimina, fazendo com o que os edemas melhorem.
A respiração também muda
Paralelamente às modificações que se observam no coração e nos vasos sanguíneos, no sistema respiratório também se produzem mudanças. O crescimento constante do útero faz com que o diafragma – músculo que separa o abdómen do tórax, lugar onde se alojam os pulmões – vai-se deslocando para cima. À medida que a gravidez avança, os pulmões vão tendo menos lugar para se expandir, pelo que a quantidade de ar que entra em cada inalação vai diminuindo. Esta descida na entrada de ar compensa-se respirando mais rapidamente.
Incómodos do primeiro trimestre
As alterações no sistema digestivo são muitas e sentem-se rapidamente devido aos incómodos que provocam. Começa no primeiro trimestre com náuseas, vómitos, mudanças nas preferências alimentares, e modificações no ritmo de evacuações que vão desde a obstipação – muito frequente – até à diarreia. Estas alterações devem-se ao brusco aumento hormonal que produz no organismo a presença da gravidez. Mas não desanime! Todas estas consequências geralmente melhoram ao terminar o primeiro trimestre.
Obstipação. Porquê?
O excesso de progesterona presente durante a gravidez provoca o relaxamento dos músculos lisos que são os que formam as paredes de órgãos tais como o estômago, o intestino e o útero. Isto faz com que a digestão e o trânsito intestinal sejam mais lentos, o que provoca obstipação. Ao mesmo tempo, a acidez do estômago que costuma sentir-se durante este período – e que tende a acentuar-se à medida que o útero cresce – é causada pela relaxação do esfíncter superior do estômago.
O que acontece com a boca?
É frequente que durante a gravidez as gengivas estejam inflamadas e sangrem espontaneamente ao escová-las. Esta perda de sangue é outro dos efeitos que produzem as alterações hormonais. É sempre aconselhável efectuar uma visita ao dentista. No entanto, geralmente a perda de sangue não desaparece completamente até depois do parto.
O peso certo
Uma das alterações que mais preocupa a mamã é o aumento de peso. Os valores considerados normais são variáveis – entre os 8 e os 15 quilos –, e dependem muito do peso que a mulher tinha quando ficou grávida. Além disso, o aumento não é seme-lhante em todos os meses de gestação, uma vez que o aumento do peso fetal também não é. Quando o aumento de peso é considerável ou não existe, convém consultar um nutricionista. Não é aconselhável realizar dietas especiais sem o devido controlo médico.
As infecções urinárias
Assim como acontece com o tracto digestivo, durante a gravidez, o músculo liso das paredes do sistema urinário também se encontra relaxado pelo efeito da progesterona. As consequências disso manifestam-se através de uma maior frequência de infecções urinárias e de um maior número de micções por dia, facto que se vê agravado pela pouca distensão que a bexiga tem, ao ser cada vez mais comprimida pelo útero."
A caminho das 16 semanas, as transformações no corpo já são evidentes...
a partir desta altura tudo se modifica muito mais depressa :) é um bom sinal!
ResponderEliminarbj